Algodão doce

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Descrição

Algodão doce, de Lari Nolasco e Jaiane Beatriz

Gênero: Poesia

Formato: 14 x 21 cm

Páginas: 60

SOBRE O LIVRO

Deliciosa é a coincidência que este livro, escrito a quatro mãos, mantém com um certo clássico feminista: as Novas Cartas Portuguesas, das famosas “três Marias” – Barreno, Horta e da Costa – evocam o segredo da freira Mariana Alcoforado, uma paixão repleta de erotismo, partilhado em forma de best-seller do século XVII. Ao resgatar a figura da mulher que ousa acessar os interditos de sua época, as autoras portuguesas colocam-na num frame histórico, de atualização dos dilemas e problemas femininos. Aqui, também temos uma Mariana (em delay): essa Mariana é desejada, erotizada, impulsionada ao corpo de suas iguais. Ainda que o desejo traçado em Algodão Doce seja banhado de açúcar, contudo, os afetos apresentados aqui não são dóceis ou domesticados: há espaço para a crítica interseccional, demarcando vetores de raça, região, classe:

Mulher sob o olhar vigilante de um homem branco / posto diante de um quadro / em que a / gazela / jaz / soterrada / sob / a curvatura do pé / gigante / [tamanho 60] / de um troll.

E é com classe e potência que Lari Nolasco e Jaiane Beatriz estreiam na poesia.

Bianca Gonçalves

Poeta, prosadora, professora e doutoranda em Teoria e História Literária (Unicamp)

***

Corretores ortográficos são máquinas voluntariosas. Têm um certo gosto por trocadilhos, dizem coisas inesperadas, constrangem, fazem rir. Em Algodão Doce, à certa altura, Jaiane Beatriz e Lari Nolasco nos oferecem uma dupla de poemas geminados que brinca com esse recurso de dois gumes: ato falho e errata, os poemas traçam, com economia extrema, as ambivalências do dito e do que se quis dizer: amar ou mamar? Mamar ou amar? Os *** tentam corrigir o que foi escrito mas só deixam mais frágeis as certezas do dizer. É um jogo de intimidade com as palavras, diversão e safadeza, que encontramos também no restante dos poemas. Descrições corrosivas do álbum de fotos da tradicional família brasileira, putaria expressa das frases de duplo sentido, erotismo quente e macio das cenas do cotidiano, retratos e diálogos irônicos e doloridos ao espelho. Ponto importante: embora alguns desses poemas sejam curtíssimos, não há pressa neles. O corte dos versos, a insinuação do ritmo e o tempo das imagens marcam essa textura de textos que se querem relidos. É um livro que se assume obra de uma longa linhagem de putas e bruxas e é o livro de uma dupla de poetas, mulheres, que se desdobram (lendo-lhes, ouvindo-lhes, dizendo-lhes) em outras e outras e outras.

Marcelo Ferreira Marques

Músico, professor e pesquisador em literatura (UFAL)

 

SOBRE AS AUTORAS

LARI NOLASCO é poeta | pesquisadora de poesia | professora | filha de Márcia e Alailson | irmã de Lázaro e Layane | cria das alagoas profunda | & alguma coisa mais. Tem textos publicados na Felisberta e na totem&pagu – firrrma de poesia. Participou das antologias Negociata na penumbra (2021), editada pela Ipêamarelo, e Anônimo não é nome de mulher (2022), pela Patuá.

JAIANE BEATRIZ é filha das raízes do cajueirão, no quintal de casa, em Craíbas (AL); dessas raízes, parte a descobrir outras paragens dos mundos. É licenciada em Letras/Português (UFAL) e pesquisadora em Literatura. Suas experimentações poéticas originam-se no corpo e encontram-se com outras inquietações e espaços.