Stefano Mancuso, em sua obra “A revolução das plantas”, nos conta sobre como as acácias são capazes de influenciar o comportamento das formigas, servindo-lhes coquetéis de serotoninas através do néctar extrafloral, uma bebidinha que as acácias produzem em seus troncos e as formigas adoram.
Lendo isso, fiquei a pensar se a ayahuasca, a cannabis e outras plantas poderosas não são uma tentativa da vida vegetal de nos regular de alguma forma. Faz pensar nas culturas indígenas e seus valores, que se regulam pelos mesmos ritmos da floresta, dos rios, dos ventos, dos astros, do tempo. A busca de um equilíbrio químico com a vida de todos os reinos. Mas, como diz o Nego Bispo, o desenvolvimento dos capitalistas é a negação do envolvimento. Do grande desregulamento do nosso desenvolvimento, a vida vegetal tenta nos sarar com plantas. Se orientem, rapazes.
Imagino a guarda das formigas, uma a uma, tomando sua poçãozinha mágica do druida e depois perfilando-se para enfrentar os romanos, os capins, os pulgões. Ave Acácia! Quem diria, uma imperatriz tão mimosa por trás de um exército tão feroz.
A ayahuasca, segundo os Huni Kuin, era ciência das jiboias, surrupiada por um humano curioso. Os contos de origem sempre falam da quebra de uma promessa. Eu te mostro, te ensino tudo, diz a princesa cobra, se você jurar guardar os meus segredos. Coitados de nós, sem honra, sem palavra, indignos das ambrosias que a vida nos prepara.