SINOPSE
Que barulho ecoa bem lá no fundo da alma quando se está diante da solidão de uma linha de trem? Como soa aquele apito ao longe que faz do encontro de pessoas um espalhar de luz fresca da manhã por entre o oblíquo das montanhas? Mas, ao contrário, como aquele chacoalhar de lata toda, cortando o vento escuro das noites, chega para avisar as coisas que desbotam os sorrisos envergados nos rostos frágeis, muita vez perdidos pelas injustiças que alicerçam a sociedade? O que levam os vagões que correm as vidas de tantas histórias, amalgamadas pela busca de uma razão mais humana?
Os doze contos que aqui se apresentam, o autor os engata como compartimentos das complexidades geradas pelas relações entre as personagens, cada qual adaptada a uma forma de viagem, esta conduzida pelas incertezas levadas pelas paralelas das linhas férreas a um (in)finito ora auspicioso, ora assustador.
“Correr o trem”, pois, para esse conjunto de personagens é, antes, sentir-se vivo e resiliente, buscar o difícil ar que respira a existência, justamente para continuar a longa viagem — ou curta para alguns — de modo a esperar, talvez, o momento de melhor sentir-se vivo, ainda que esta dádiva — como ponderada por Riobaldo, do nosso mágico Guimarães Rosa — seja um ato muito, muito perigoso.
SOBRE O AUTOR
Tércio Paparoto é natural de São Paulo, capital. É formado em Letras-Linguística pela Universidade de São Paulo, onde realizou estudos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, em nível de mestrado, doutorado e de pós-doutorado. Trabalha no ramo da Educação há mais de trinta e cinco anos, atuando como professor universitário, de ensino médio e de cursos pré-vestibulares. É autor de alguns livros de poesia, romance e contos, bem como de títulos acadêmicos, alguns deles publicados fora do país. Seu último trabalho “Quintal de tudo”, contos em prosa poética, foi publicado em 2021 pela Giostri, editora paulista.